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28 de mar de 2022

Em nome de Jesus
Sala de Aula
É necessário, embora difícil, comentar esse caso dos pastores que intermediavam verbas no Ministério da Educação. A dificuldade é pelo fato de […]

É necessário, embora difícil, comentar esse caso dos pastores que intermediavam verbas no Ministério da Educação. A dificuldade é pelo fato de serem lideranças de igrejas e, portanto, temos que ser cuidadosos para não generalizar. Mas é justamente aí que um posicionamento se torna mais necessário. Eu conheço muitos cristãos, evangélicos ou católicos, e sei que são pessoas honestas, trabalhadoras, que cultivam a solidariedade e respeitam as leis. Quando fui governador do Acre, procurei apoiar o excelente trabalho social que muitas igrejas fazem. Por isso, além de ficar indignado com o desvio de verbas da educação, pois estão roubando o futuro de nossas crianças, fico também muito triste porque uma minoria de falsos cristãos, “em nome de Jesus”, abusam da sua posição de liderança e principalmente da Fé de pessoas de bem. Eles envergonham e prejudicam a reputação dos verdadeiros cristãos, que se dedicam de coração em realizar a obra de Deus e ao chamado de cuidar de pessoas.

Conversei com amigos Pastores e eles me disseram: “esses pastores corruptos não representam nossa Fé, nem nossas práticas; são falsos profetas, lobos disfarçados no meio das ovelhas”. De fato, tenho percebido uma indignação geral, mas especialmente entre evangélicos, com esses pastores que usam a Igreja para tirar benefícios particulares no meio político, pastores coniventes com esquemas ilegais que beneficiam apenas eles mesmos e seus padrinhos políticos. Quem fala isso são os prefeitos que denunciam os pedidos de propina para liberarem recursos do MEC, fato noticiado amplamente nos últimos dias.

Os governos devem apoiar o trabalho social e comunitário das igrejas, mas para isso existem os meios devidos, como convênios, projetos e instituições adequadas. Os que agem por fora da lei são como aqueles negociantes que Jesus expulsou do Templo, porque estavam fazendo da Casa do Pai um mercado (JOÃO 2,13-25).

Fazendo o trabalho corretamente, seguindo o princípio do estado laico, a sociedade inteira é beneficiada. Com os tais gabinetes paralelos, como esse caso que ocorreu no MEC, ou como aquele também terrível que aconteceu no Ministério da Saúde para desviar o dinheiro das vacinas, o Brasil vem sendo desgovernado e a situação só piora. Está chegando o momento de nos livrarmos desse pesadelo e o povo cristão, de todas as denominações, será importante nessa mudança.

Jorge Viana é Acreano, engenheiro florestal e professor de gestão pública no IDP.