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Meu Trabalho Pelo Acre
10 de mar de 2022
O Palácio Rio Branco sempre teve uma importância simbólica muito grande. Afinal, dali o Acre era governado e ali morava o governador, com sua família.
Poucas pessoas sabem que para construir o mais importante prédio público do estado, foram necessários 20 anos. De 1929, com Hugo Carneiro, até 1949, com Guiomard Santos.
Mas, em 1999, quando começou o governo de Jorge Viana, o Palácio estava semidestruído e descaracterizado. Até arvores cresciam nas paredes com infiltrações e o interior do palácio havia sido saqueado e depredado.
Foram necessários 3 anos de muito trabalho para fazer a revitalização do Palácio e das praças Eurico Dutra e dos Seringueiros. Em 2002, passou a ser um museu aberto a toda população. Com madeiras nobres manejadas da floresta e digno da sua importância para a história do Acre.
História do Palácio Rio Branco
Até o início da década de 20 havia a crença generalizada de que o terreno argiloso de Rio Branco não comportava grandes construções de alvenaria. Essa ideia só começou a mudar quando o Governador Hugo Ribeiro Carneiro lançou um ousado plano de obras que deu início a uma série de construções grandiosas para os padrões acreanos da época.
Entre 1927 e 1930 foram construídos em alvenaria o Mercado Publico, o Quartel da Força Policial, a primeira agencia do Banco do Brasil e o Palácio Rio Branco, todos no Primeiro Distrito da Cidade. A presença dessas construções de grande porte na paisagem de Rio Branco marcou uma nova fase no urbanismo e na organização espacial da cidade.
Por outro lado, governo do Território Federal do Acre tinha como sede entre 1912 e 1929 um grande e bonito casarão de madeira, do mesmo estilo do que ainda existe em Cruzeiro do Sul, mas que ao fim da década de 20 não comportava mais o tamanho da máquina pública e se encontrava deteriorado.
O projeto para construção do novo palácio feito pelo arquiteto Massler, contratado especialmente para este fim, era ambicioso e previa, entre outras coisas, “escadas em mármore de Carrara”, “pisos de ‘parquets’ de madeira de lei do Pará” e “tetos em estuque com ornatos originais”. Ao mesmo tempo o projeto elaborado de acordo com o estilo Eclético, com grande influência do movimento Art Decô, seguia a ultima moda dos grandes centros urbanos do Brasil e do mundo.
Em 15 de junho de 1929 foi lançada a Pedra Fundamental do Palácio Rio Branco, com a presença de grande numero de autoridades e de populares. Estava iniciada a maior realização do governador que ficou conhecido como um dos grandes construtores na história do Acre.
Um ano depois, na mesma data de 15 de junho, era inaugurado e entregue à sociedade acreana, senão o palácio pronto, pelo menos um prédio em condições de funcionar. Ainda que sem todo o glamour que havia sido planejado por seus idealizadores.
A partir de então o Palácio Rio Branco tornou-se a principal referencia do poder político do Território. Ali, além de despachar oficialmente, moraram os muitos governadores que se sucederam à frente do governo. Porém, nenhum deles conseguiu dar por concluída a construção do Palácio, que permaneceu inacabado por muitos anos.
Só no Governo do Major Guiomard dos Santos, que teve início em 1946, foram retomadas as obras do Palácio Rio Branco. O Governador Guiomard Santos também teve sua gestão marcada pelo forte caráter empreendedor e foi responsável pelo início de outra importante fase no urbanismo de Rio Branco e de outras cidades do Território Federal do Acre.
Guiomard Santos mudou a paisagem do centro de Rio Branco através da construção de diversos prédios que marcaram o cotidiano de muitos acreanos desde então. São dessa época a escola Presidente Eurico Dutra (que não existe mais), o prédio da Radional, a imprensa oficial, a Maternidade Bárbara Heliodora, e muitos outros.
O Palácio Rio Branco, além de ter sido finalmente concluído, foi valorizado pela reforma da praça Eurico Dutra à sua frente já com a famosa fonte luminosa, e a construção de um bonito jardim nos seus fundos. Com isso, o Palácio Rio Branco e seu entorno (a rua Getúlio Vargas, a Praça Eurico Dutra e o jardim dos fundos do palácio) tornaram-se uma forte referencia nas atividades culturais, cívicas e oficiais da sociedade acreana. As paradas de 07 de setembro, passeatas e manifestações políticas, atividades socioculturais, etc., eram realizadas na área que circundava o Palácio.
Após o Governo Guiomard Santos o Palácio Rio Branco foi se degradando lenta e progressivamente, apesar de terem sido realizadas algumas obras e intervenções pontuais. Porém, essas obras ao mesmo tempo em que serviram para melhorar sua condição funcional, também promoveram uma grave descaracterização do Palácio que havia sido projetado por Hugo Carneiro e concluído por Guiomard Santos.
Palácio no governo de Jorge Viana
Em 1999, ao ter inicio o Governo Jorge Viana, a situação de conservação do Palácio Rio Branco era muito ruim, conforme foi amplamente divulgado pela imprensa. Diferente dos governos anteriores, o governo da floresta pôs fim ao período de degradação e descaracterização desse importante Patrimônio Histórico do povo acreano. Ao invés de simplesmente realizar mais uma reforma do prédio, foi realizado um projeto de revitalização do imóvel respeitando suas características históricas, numa clara demonstração do respeito à sociedade acreana, a quem pertence esse palácio de inegável valor histórico e arquitetônico.
Em 11 de maio de 1999, o Governador Jorge Viana, através do Decreto nº 680 tombou como Patrimônio Histórico e Cultural do Acre o Palácio Rio Branco. Esse processo de tombamento foi iniciado também no Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Acre em 27 de março de 2000.
A reinauguração do Palácio Rio Branco em 2002 – como um museu que conta a história do próprio palácio, formação do povo acreano e visitação de todas as suas áreas internas – teve forte impacto sobre a sociedade. Especialmente dos segmentos mais populares que nunca tinham tido a oportunidade de entrar no principal prédio público do Acre. O que explica porque, somente no primeiro ano de funcionamento do palácio revitalizado, foram mais de 20.000 visitantes, guiados por uma equipe especialmente capacitada para apresentar nossa história ao público.
A partir de então, o Palácio passou a receber algumas das mais importantes solenidades e eventos realizados no estado. Autoridades nacionais e estrangeiras, puderam conhecer, através do mobiliário de design moderno e original, as infinitas possibilidades de uso das madeiras nobres amazônicas. Que, no exemplar caso do palácio, foram obtidas através de planos de manejo sustentável, sem degradação da floresta. Uma vitrine do Acre para o mundo e demonstração da força da história acreana.